Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

22
Nov 10

No bolso esquerdo da calça
Guardo palavras
Num caderninho
Confidente de frases imperfeitas

Rascunhos poéticos
De próprio punho
Pacto angelical
Cordão umbidical

Pequenos versos que a imaginação provoca
Linha após linha
Vejo/sinto/relato
Deleites sensuais da sexualidade

A mão chama
O papel aceita
A caneta não reclama
Devaneios insanos de uma mente criminosa

Partos breves/feitiços do ocaso
Delírios de menino/dança na escuridão
Arroubos do coração/cidadão nasciturno
Mensagens do além e do mar

Sou desorganizado /esqueço coisas
Perco a hora dos remédios
Não recordo nomes/telefones
A rotina sufoca /stress diário

Tropeço na imoralidade da sociedade
A arte é o meu ambiente
A condenação eterna/destino extremo
Vício desraigado/danação da alma

Escrevo/sou poeta
Não sou barulhento
Na quietude da noite
O vento sopra saudades

Se pudesse pixaria muros
Riscaria lataria de ônibus
Portas de banheiro/bancos de metrô
Paredes de elevador

No bolso esquerdo da calça
Guardo palavras
Num caderninho
Confidente de frases imperfeitas



publicado por SISTER às 12:40

21
Nov 10

Uma linha
Une e separa/pune e absolve
Vomita e engole/come e corroe
Respira e suspira/dorme e sonha
Glorifica e demoniza/pontifica e santifica
Racionaliza e exterioriza/esquenta e vaporiza
Fortifica e fragiliza/cristaliza e pulveriza

Uma linha
O sempre e a possibilidade /o talvez e a provabilidade
O sim e o não /a loucura e a razão
O tecido e a carne /o algo e o pecado
O fruto e o chão/a mosca e o avião
A partida e a chegada/ a avenida e a cidade
A voz e o altar/ o canto e o pássaro

Uma linha
Explora e devasta/cria e protesta
Escraviza e chicoteia/afoga e martiriza
Adoça e amarga/empresta e penhora
Exporta e deporta/compra e vende
Renasce e bane/vaza e sangra
Solta e prende/casa e separa

Uma linha
A polia e a folia/a fobia e o pubis
A conta e o canto/o páreo e o pátio
O opaco e o lúgubre/a luz e o escuro
A vírgula e a exclamação/o espaço e a interrogação
A cama e o lençol/ o livro e o travesseiro
O corpo e o armário/a vida e a reencarnação

Uma linha
O rio e o peixe/a isca e o anzol
A fúria e o desejo/a ânsia e a vontade
A intenção e a percepção/o olhar e a provocação
O dedo e o anel/a rosa e a roda
A maçã e a saia/ a foto e o fato
O quase e o nada / o antes e o depois

Uma linha
A água e o sabão/a gusa e o carvão
O navio e o porto/ o tédio e o paraíso
A pílula e a concepção/a saliência e o abismo
O trem e a plataforma/a chaminé e a fuligem
A faca e o sangue/o útero e o ovário
O tique e o taque/a espada e o sermão

Uma linha
A flor e o vaso/a cera e a abelha
A sepultura e o caixão/o esmalte e a unha
O palhaço e o circo/ a lenda e o dragão
A uva e o vinho/a manteiga e o pão
O prato e o guardanapo/a colher e o garfo
O fim e o começo/a semente e o fruto

Uma linha
A cadeira e a mesa/ o desenho e o lápis
A tecla e a tela/ a pausa e o enter
O pirotécnico e o burlesco/ o cênico e o cinematográfico
A testemunha e a vítima/ o reú e o juri
A bola e o gol/ o apito e a falta
A cicatriz e a tatuagem/o periódico e o anual

Uma linha
O monte a a fonte/ o forte e a morte
O farto e o fraco/ o malte e a sorte
O parto e o salto/O posto e o ponte
A junta e a janta/o justo e o susto
O canto e o conto/o casto e o custo
A porta e a porca/a chave e a tranca

Uma linha
O aço e a lima/a trava e o portão
A ousadia e a covardia/ o contrato e o contra-senso
O espírito e a carne/ a voz e o silêncio
A cruz e o inferno/a poesia e o infinito
O tapete e o sofá/a pedra e a nuvem
A fome e a doença/a guerra e a paz

Uma linha
A borboleta e a largarta/o batom e boca
O assobio e a língua/o pó e o homem
A lua e as trevas/o desespero e a agonia
O vírus e a vacina/o azul e o céu
O teto e a parede/ o meio e a causa
O vento e a chuva/o diabo e a igreja


publicado por SISTER às 14:22

20
Nov 10

Fruto amavelmente perdido da mão direita
Derrame verborrágico palavratório
De um sentimento ectoplásmico catatônico
Facto pulsante manequeista
Jacto aquecido pela performance metacarpofalangeana
No principado da lascívia voluptuosa

Doce minuto no paraíso neuropoético
Marcha triunfante pela avenida divina
Da soberba imaginação amnésica
Dentro de corredores inexistentes
A caça do caçador sanguinolento
Léxico ,vândalo e artístico

Meu ventrículo esquerdo pulsa e suspira
Um amor perdido na terra do Dante
Feitiche patético fulgurante
Do cálice dourado neurastênico
O plus,o ultra e o espectacular
Versos nostálgicos de tecidos cavernosos

Fiz um pacto werherniano silencioso
Em letras minúsculas e acquosas
Espumante jorro da fonte da felicidade
Liberdade pastosa de dedos tediosos
Linhas pélvicas dançantes na palma dos sonhos
Necromância pastosa da impossibilidade

A flor do leite derramado
Ventrilóquia de um ato inacabado
Insalubridade amanteigada do corpo
No cheiro dos anjos e no perfume dos demônios
A poesia não é o concenso
Mas a divergência

publicado por SISTER às 15:52

Todo mundo preocupado
Todo mundo ocupado
Com as coisas importantes
Do seu mundinho miudinho

Você esquece qualquer coisa
Você esquece o passado
Você esquece o que quer
Você esquece de Deus

O que precisa ser feito
Esta feito/acabado
O amanhecer
Não espera o homem acordar

Você esquece quase tudo
Você esquece a pergunta
Você esquece a alma
Você esquece a disciplina

Ninguém vai salvar o mundo
O coletivo se sobrepõe ao individual
Castelo de cartas sobre a mesa
Acreditando por acreditar no que se paga

Você esquece as dívidas
Você esquece as dúvidas
Você esquece o que decorou
Você esquece os amigos

A cada dia/o despertador
A violência sem limite
Na sua porta bate /apague o abajur
Num pesadelo tudo é permitido

Você esquece os remédios
Você esquece o amanhã
Você esquece o que enterrou
Você esquece o medo

O corpo é um barco
Num mar revolto
A roupa/a maquiagem/os acessórios
Mentes perigosas/percepção/sentidos

Você não tem nome
O pecado anda nas avenidas
Não tem caviar para todo mundo
O inconsciente errado


publicado por SISTER às 15:51

Fria
Silenciosa
Você espera por ela
Quase a vida toda
E quando ela chega

Você não sabe exatamente o que dizer
Nem como conversar com ela
Ninguém explica estas coisas
Apenas acontece
Por tudo que não faz sentido

O bolso cheio de pedras
E algumas moedas
O coração mergulhado em incertezas
A mente esquadrinhando
Um pedaço do desconhecido


publicado por SISTER às 15:51

Metrôs e trens chegam/partem
Metrôs e trens param/saem
Metrôs e trens lotados

Pessoas com pressa
Pessoas sem pressa
Pessoas indo para o trabalho

Gente se movimenta e empurra
Gente assaltando e sendo presa
Gente se aperta e espreme

Crianças olhando vitrines
Crianças correndo nos corredores
Crianças dormindo nos braços da mãe

O relógio anda
O segurança observa
As câmeras vigiam

Malas/mochilas/pastas/sacolas
Bolsas/pacotes/caixas/embrulhos
Maletas/sacos/baús/engradados

Fila no café
Fila na bilheteria
Fila na lotérica

Gente se encontra e se abraça
Gente se despede e se beija
Gente ri e chora

Lojas de conviniências/revistaria
Balcão de informação/posto policial
Farmácia/lanchonete

Pessoas comendo
Pessoas conversando
Pessoas descansando

Crianças se perdem
Crianças gritando
Crianças nos carrinhos de bebe

Fila nos banheiros
Fila nas roletas
Fila nos telefones

Roletas girando
Escadas rolantes
Alto-falantes



publicado por SISTER às 15:50

12
Nov 10

A mão
pega/leva/carrega/julga/condena
trabalha/destroi/constroi/salva/ensina
veste/despe/dirige/goza/posa
bate/esmurra/fere/pune/castiga
avança/recua/espera/dá/retira
sangra/sua/perdoa/liga/desliga

A mão
pinta/desenha/inventa/escreve/modela
cria/abandona/prediz/orienta/indica
fura/corta/segura/amansa/conforta
conta/costura/cozinha/lê/estuda
testa/cola/descola/renova/conserta
elege/aplaude/vaia/depõe/vota

A mão
prega/martela/parafusa/abre/fecha
digita/deleta/corrige/faz/desfaz
caça/explica/injeta/toca/cura
esquenta/esfria/empresta/jura/paga
simula/befla/joga/trapaceia/engana
planta/colhe/produz/pesca/alimenta

A mão
seduz/salga/adoça/busca/procura
socorre/resgata/espeta/cava/enterra
manipula/tortura/rouba/assalta/mata
esfaqueia/atira/enforca/decapita/queima
fabrica/manufatura/aperta/prende/solta
nada/afunda/afoga/sofre/peca

A mão
suja/limpa/rasteja/corteja/belisca
soluciona/complica/dança/passeia/namora
emociona/encanta/hipnotiza/investiga/falsifica
rege/compõe/floreia/comanda/voa
foge/dribla/soca/saca/levanta
defende/acusa/trai/ama/deita

A mão
assusta/maravilha/ilude/derruba/escorrega
proibe/critica/elogia/esconde/fofoca
escolhe/une/reparte/divide/soma
compra/vende/mede/estica/puxa
reza/suplica/implora/chora/canta
brinca/diverte/corre/para/morre

publicado por SISTER às 12:56

Rasgos torpes em todo rosto
Demônios sugados do nada
Naturalmente não se pode evitar
Espinhos sangrentos disfarçados com flores

O feito não quer se desfazer
Vozes baixas na escuridão das ruas
Falsos profetas do para-todo-o-sempre
Trazendo vulcões e tempestades

Enquanto a loucura se assenta
Na morada invisível do tédio
Planaltos devorados pelas chamas do inferno
Calmarias quentes de verão

Relatos de escribas
Antecipando a desunião das coisas terrenas
Julgamentos sem condenações
Os preços das mercadorias e das pessoas

O fundo do poço virado para baixo
Masmorra fedorenta e castelo fantasma
Gente que não é gente
Vítimas de um império caido em desgraça

Na vida ninguém entra para sair
Noite que nunca amanhece
Barcos semi-afundados nas Bermudas
Marinheiros perdidos no além-mar!


publicado por SISTER às 12:55

A garrafa na mesa
O copo na mão
A música no rádio
O pensamento no papel

O coração no peito
O amargo na boca
O suor no rosto
O frio no estômago

O relógio no braço
O colar no pescoço
A anel no dedo
O brinco na orelha

A flor no vaso
O tapete na porta
A cortina na janela
A fotografia na estante

Carlos Assis

publicado por SISTER às 12:53

O tempo crava garras de ódio na carne
Arrancando músculos/doçura/nervos/encanto
Voz distorcida do mal a dizer bizarrices inteligivéis
Solidão a apagar memórias nuas

Tanque atravessando uma parede
Talvez a eternidade não seja precisa
E o que nos invade com dureza
Não possua nenhuma ternura

As moscas surgem
Sobrevoam a sala de espera
Depois desaparecem


publicado por SISTER às 12:51

Abril 2011
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