Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

05
Dez 10

Libertaria a carne num culto débil,
Queimaria as entranhas em oferendas;
Sacrifício pagão de corpo infértil
Liturgia descrita em muitas lendas.

Mas o que me faz feiticeira,
Bruxa e santa por encomenda;
É o uso da boca desordeira
E a fala que ninguém recomenda.

Há um brilho no olhar de faca
Enredado durante o solstício,
Na lâmina dessa alpaca.

Quem há de acender o sacrifício?
Querer meu corpo na estaca,
Queimar como anjo em suplício?

publicado por SISTER às 16:02

01
Dez 09

a dor que ora me rói
não tem feridas aparentes
é uma dor doida de tão doída
que a alma dilacera e mói
até eu trincar os dentes

a dor dói e não sangra vermelho
não tem cortes mas escorre
e eu defronte a esse espelho
molho de lágrimas e porre
a dor que me machuca

sem parar, dói a dor e cutuca
o desejo de não mais desejar
a ânsia louca de amar
o amor que muito maltrata
a alma presa no bico da sinuca

como rasgar a dor ao meio
se nem o punhal de prata
faz doer mais que esse veio
aberto no vão dos seios
a me definhar como viralata

dói como enfarte agudo
essa dor sem coração
não mitiga um segundo
porque tem a fome do mundo
de amor, jamais de razão

publicado por SISTER às 13:25

11
Nov 09

Era-me peculiar aquela sensação de cheiros invadindo as narinas; despertava minha memória olfativa. Algumas vezes levava-me a lugares, outras à pessoas queridas; cenas e cenários que bem guardados desfilavam tão vivos quanto no dia em que aconteceram.
Eu disse era? Não. Ainda o é.
Não é coisa que se estimule, num átimo e o desenrolar de uma lembrança toma-me de assalto, enche-me de saudades.
Nunca soube explicar porque algumas lembranças tinham cheiros, percepção de presença tão táctil.
Retinha comigo essa informação com medo de partilhar e me sentir uma tola, porque as vezes o perfume não era de ninguém, nem ele perfumava o ar naquele dia, mas  é estranhamente tão forte quando esbarra em minhas recordações que chegam a incomodar.
Não saberia comparar a nenhum perfume conhecido, algumas lembranças, ou mesmo sensações de momentos especiais, pois que são aromas delicados e deliciosamente embriagadores.
De repetido somente um que lembra-me defuntos, não sei o porque, mas quando a tristeza é muito intensa, eu sei que esse é o único que volta.
Disse-me a Odete que são perfumes de anjos. Aqueles que não há similares por onde ando, eu acredito, mas quem explicaria o de defuntos?
Anjos mórbidos? Talvez...

publicado por SISTER às 05:58

26
Out 09

Esvairam-se os mistérios
levados como pó, voaram
não deixaram sequer pegadas

Com eles, devaneios e ilusões
acalentadas secretamente
rasgadas a frio, sem emoções

Uma nesga de tristeza
me abate e joga ao solo
o refinado gosto da sutileza

publicado por SISTER às 07:30

22
Out 09

A flor da pele todos os desejos
feneceram antes do tesão
se espalhar pelo ambiente

Na língua calada por beijos
a falsa certeza tolheu a ilusão
que teve morte impaciente

Exalando presença lúdica
o ego criminosamente eregido
mostrou-se presença única

Ficou esquecido nos lençóis
o muito do pouco consumido
cantarolado em solfejos bemóis

A carcaça trajada de ansiedade
recolhe o silêncio desajeitado
e se mete de vez na obscuridade

publicado por SISTER às 08:59

19
Out 09

Acalma Senhor os meus passos
O rugido dos mares.
Acalma o ruído das ondas
O tumulto das gentes.
Seca Senhor o meu pranto
Que rola copiosamente
Com o teu chuvisco
Que amolece os sulcos
E aplaina as leivas.

Senhor a beira dos teu ribeiros exuberantes
Meu pranto se soma abundante,
Nas tuas margens viçosas
Minh´alma cansada eleva a ti
Cânticos e orações silenciosas.
Acalma e amaina meu coração
Cinge meu olhar, e meu amar
Rega-me com tua presença.

publicado por SISTER às 09:05

Se te perguntarem quem sou
Talvez não saibas responder
Pois a medida que me dou
Parece que não tem um merecer
Não saberias identificar-me
Se sou vida ou um sopro em desafeto
Um soco a martirizar
Uma coluna no teu afeto
Talvez digas que sou uma fogueira
Um aventura desastrosa
A paixão passageira
Se ainda assim insistirem
Talvez sem respostas...te cales
Na memória um pouco de ternura
Talvez as lembranças embale
Mas é certo que ao me perguntarem
Quem és
 Eu responda num átimo
Que em mim ainda és
O amor que abrigo no meu peito
Que chegou trazido pelas marés
Revirou e se aconchegou no meu íntimo
Tatuou as paredes da minh´alma
Se impregnou de um jeito
Que me arranca cânticos profundos
Ou me abisma em silêncios fundos

publicado por SISTER às 08:53

11
Out 09

Não importa o meu existir
ainda assim cai a noite, chove
indiferente ao meu sentir;
nada que me confirme ou prove.

não cede o ventre que me gerou,
nego o ventre que também gerei;
muito pouco de mim sobrou
nada continuará do que plantei.

Palavras, medos e alguma emoção,
de herança, nada deixo de consistente;
a vida é feita de pele gravada na razão

Essa não juntei, faltou habilidade.
Amoldada à vivência retrátil
rasurei -me na sensibilidade.

publicado por SISTER às 11:51

03
Out 09


Esse silêncio suspeito
que invade minha porta,
vindo da sua rua,
tem cheiro de mentira,
ares de segredo...

Essa verdade de entrelinhas
dita entre dentes,
ao pé do ouvido de outrem;
parece zombar do caos
instalado durante o silêncio...

Continuo pincelando palavras
pendurando-as no varal;
hei de secar suas emoções...

e quando encontrar de novo
o som das palavras que calou;
teremos canteiros de poemas
enchendo de vida e sorrisos
 as calçadas que estão
ido e vindo entre nós...

publicado por SISTER às 15:54

18
Set 09

sem meias palavras
sem rodeios
braços me agarram
não luto
sinto muitos jaules
apertando meu corpo

sua boca me cala
uma língua abusada
me invade
e experimenta meu sabor

perco a razão
debato-me

inalo seu cheiro selvagem

finalmente
me deixo ser tragada

 

publicado por SISTER às 09:45

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