Entrei na concha outra vez!
Escondo-me das bobagens do mundo!
Em tempo de hibernação
descanso da regurgitação,
do falar sem pensar ou pensando!
Minha concha tão confortável,
hora de refletir como viver
o que deve mudar, permanecer ou perecer...
dentro dela, brilho e aquieto a alma,
mudo a rotina, reflito sobre o vir a ser...
Quem sabe, com o verão, desabroche
o meu sol interior, época de dourados,
céus safira azulando o ar...
enquanto partindo vai a primavera,
e eu voltando a vicejar...
Fiz caminhos contrários este ano:
no outono, floresci,
no inverno, trabalhei feito formiga ceifadeira,
na primavera, inverno na minha concha,
no verão, pretendo merecer o florescimento...
É que, com o global aquecimento,
minhas carnes queimam por dentro,
perdi o fuso horário, reflito sobre amores...
Estou trabalhando os rancores, as mágoas,
e se conseguir, mudarei o meu lugar.
Ou dentro de mim mesma,
por dentro da concha me arrastando,
ou arrastando as conseqüências
dos erros e acertos vividos
renovando e mentalizando positivos...