Fecho os olhos e entrevejo nossa história
parece tão banal, sempre tão igual
mas na verdade, é única em sua magia
esse sonho lindo, do jeito que eu queria.
É bom amar você fingindo indiferença
indo ao contrário na rota que me traça
como se fosse lhe encontrar na praça
ouvir nós dois, de mãos dadas, a seresta.
Bater de frente com a sua impertinência
vê-lo açoitar palavras na sua crença...
esse quebra-cabeça, estendido sobre a mesa
tece meu verso, meu sonho, meu avesso.
É bom sofrer, mais uma vez, por amor
quase esquecida de sentir esse calor
abrasa o peito e o coração doente, desmente
a afirmação que fiz de nunca mais amar ninguém.
Bom também, em maior número talvez
procurá-lo entre as hortênsias e outras flores
seus versos falando dos seus amores, rancores
sem ninguém saber, que o meu amor é todo seu.
Nesse caso, poder dizer adeus, em silêncio
caminhando lentamente, sem ninguém notar
sem escrever, sem falar, sem deixar pressentir
vir aqui, deitar-me nos braços de Morpheu...
Saber que o segredo continua meu...
que o divido com o mar, quando preciso
mas ele não me cobra, não me afronta impertinente
como toda gente...
Nos meus sonhos, eu posso tudo, sou forte
você é meu refém, um brinde à minha sorte
e não pode nunca imaginar tudo o que faz
ah se imaginasse!... não, não seria capaz...
Tere Penhabe
Aceite a minha proposta
Eu queria sentir o gosto do amor...
do amor ardente...
do amor infiel....
do amor maduro...
do amor inexperiente...
do amor paixão...
do amor sedução...
do amor sensual...
do amor ilusão...
do amor transcendental...
do amor de verão...
do amor de primavera....
do amor de outono...
do amor de verão...
do amor que é amor...
do amor que é só desejo....
do amor que é só sedução...
do amor que me enternece...
que me entontece...
que faz com que eu me perca...
e que ninguém me conheça,
que digam que sou louca, sim
mas louca desse amor...
que alucina... que atormenta
que machuca a alma...
que faz a gente chorar...
aos poucos morrer...
que fere nosso corpo....
que machuca nossa alma...
que nos faz sentir sem vida e vazia...
e por causa desse amor o corpo fenece,
o mesmo amor que arrebata e acalma!...
ARNEYDE T. MARCHESCHI
Nem real nem virtual
Uma imagem que o tempo deleta
Um corpo sem alma
Um alma sem rosto
Um ser abstrato
que enlouquece o coração
com as peripécias do mouse,
na dança dos bits e dos byts
Mundo irreal
Sentimento real
O jogo de sedução
adorna a tela da paixão,
feita de midis e versos
de uma vida em 3 x 4
como um falso retrato
vazio de emoção
Por medo da solidão
a dor busca a felicidade cibernética
que é a senha secreta
deste sentimento sem face,
... Amigos que são ou foram amigos...
Amigos que dei adeus, amigos...
Que sem adeus sumiram...
Amigos... com quantos chorei...
Amigos que do meu ombro... fizeram
Refúgio... remanso...
Com outros tantos... me diverti e gargalhei.
Quantos me decepcionaram?
Quantos decepcionei?
Amigos... quantos conheceram
A minha alma?
Quantos... a alma... sem querer... roubei?
A vida foi passando tão depressa...
Sequer tive tempo de notar...
Que os abandonei...
Hoje aqui... lembro tantos rostos,
Tantas algazarras...
A lanchonete, as brincadeiras,
Os lanches desenhados
Com ketchup e mostarda...
Outros me feriram tanto...
Que mal pude acreditar,
Foi tanta a dor...
Que nem é bom lembrar...
Mas nesta noite...
A saudade veio me visitar...
E fui revendo filmes e cenas...
Era tão fácil viver... sonhar!
Muitos... fiz bolinhas de papel
E pela janela atirei...
Outros... amei tanto...
Sequer percebi que me enganei...
Foram pedaços doloridos...
Que do meu carinho arranquei...
Alguns se fizeram fantasmas...
Lembranças de profundas mágoas...
Outros se aproximaram docemente...
Trazendo de volta a esperança destroçada.
Assim foi a vida passando tão ligeira...
Cheia de enganos... tropeços...
A traição sempre na dianteira...
Mas permitiu-me descobrir raros diamantes,
Flores de beleza impar... multicores...
Florescendo magistralmente...
Nas minhas lágrimas...
Graças aos amigos verdadeiros,
Voltei a confiar na vida...
No mundo ... nas pessoas...
Voltei a ser gente...
E assim de mãos dadas...
Abraços afetuosos... tanto carinho...
Vamos plantando do amor, novas sementes...
Curando todas as feridas... desse mundão
Louco... desumano e inclemente!...
Mary Trujillo
Num ponto qualquer do horizonte
escolherei um outro atalho,
descansarei em alguma fonte.
Lá encontrarei pontos de luz
jorrando em água cristalina,
aliviando o peso da cruz.
Já cansada de tantos desvios
cruzarei a fronteira do breu,
descortinarei a vereda em brilho.
Caminharei mais lentamente
ouvindo os sons da natureza,
no caminho colherei sementes...
Encontrarei o ponto final da distância,
aportarei com minha bagagem
alma leve, despida das ânsias.
Abraçarei a fé e a esperança,
fincarei em solo fértil minhas raízes.
Repousarei os sonhos em terras mansas.
Anna Peralva
Reparto agora meus espaços vazios
com os sentimentos que juro, não quis!
As noites que só de amor foram preenchidas,
hoje reparto com o vazio da minha solidão.
As luzes das estrelas que iluminaram um
dia nossa paixão, reparto com toda essa escuridão.
Os risos de nossas mais felizes madrugadas,
divido com a lágrima que cai sobre o lençol.
A cama que um dia foi nosso maior paraíso,
divido com o calor que ainda arde e
me queima nesse quarto vazio.
Os sonhos que um dia realizei,
reparto agora com as dores de minha saudade.
O seu coração que um dia toquei,
hoje divido com o meu...
vazio coração...
vazias noites...
vazia cama...
e eu aqui...
vazia em mim!
ANDRÉA MAIA
A realidade do homem é o seu imaginário,
Está no seu poder distante e contrário,
Chamar ao sonho uma nova realidade
E à razão a sua diversificada capacidade,