E agora, o que faço eu
adormeci no tempo, roubaram meu espaço
apodreceram maçãs que antes viscejavam
como a minha boca vermelha ...
Estou um trapo, um bagaço,
sinto que dentro de mim em frangalhos
ficaram pedaços de sonhos, desejos vãs
que não mais alcanço ...
Sinto que o cansaço me consome
bobagem, eu sorrio do seu próprio cansaço
que não consegue me derrotar,
me olho no espelho, estou a debutar ...
Esquisito, para ficar mais bonita,
me visto de vermelho, sou uma "dama de vermelho"
saio à rua, cobiço e arrisco,
ganho sorrisos, olhares famintos, de mim ...
Volto para casa, acompanhada,
retoco o batom, vermelho
me olho no espelho,
maçã na boca, vermelha ...
Cel (Cecília Carvalho)